terça-feira, 29 de julho de 2014

O Evangelho (i)

Um exame detalhado das Escrituras, procurando destacar quais são as características do Evangelho de Deus.


A palavra “Evangelho” aparece com muita frequência na Bíblia. Significa boas novas. Nas Escrituras refere-se a uma mensagem específica, que Deus mandou pregar a todo o mundo. O Senhor Jesus Cristo mesmo, antes de deixar os Seus discípulos lhes ordenou: “Ide, pregai o Evangelho a toda a criatura” (Mr. 16:16).

Em nossos dias, esta palavra é muito usada, e há muitos pregadores do “evangelho”. Isto seria um motivo de grande alegria, se não fosse a grande divergência que há nas suas pregações. São tantos “evangelhos” diferentes. Evangelhos falsos. O resultado é muita confusão e muito engano.

E isto não pode nos surpreender, pois mesmo nos dias apostólicos, havia muitos que pregavam um “outro evangelho, o qual não é outro” (Gl 1:6-7). Paulo avisou que muitos pregavam “outro Jesus que nós não temos pregado” (II Co 11:4), e Jo avisou que, mesmo naqueles dias, “já muitos falsos profetas se tem levantado no mundo” (I Jo 4:1).

Diante destes fatos, convém que examinemos as Escrituras para saber o que é a verdadeira mensagem do evangelho. O próprio Senhor disse: “Acautelai-vos que ninguém vos engane”, e Paulo, o apóstolo, declarou: “ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho … seja anátema” (Gl 1:8).

O Evangelho de Deus

Em Romanos capítulo 1, Paulo revela claramente a essência do evangelho quando diz: “O evangelho de Deus … acerca de Seu Filho…” (v. 1-4). É uma boa notícia da parte de Deus acerca do Filho de Deus, o Senhor Jesus Cristo. As Escrituras dizem: “Vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho … para remir os que estavam debaixo da lei” (Gl 4:4). Outra vez diz: “Deus enviou o Seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele” (Jo 3:17).

Estes versículos afirmam que Deus enviou Seu Filho ao mundo com o propósito de remir e salvar. Revelam também que Ele foi enviado em benefício do mundo inteiro.

Observando o motivo porque o Senhor Jesus veio, vemos uma harmonia perfeita entre os desejos do Pai e os do Filho. O Senhor Jesus disse: “O Filho do homem … veio … para dar a Sua vida em resgate de muitos” (Mt 20:28). Outra vez Ele disse: “Eu não vim para julgar o mundo, mas para salvar o mundo” (Jo 12:47). Ele veio para resgatar e salvar; veio em benefício do mundo inteiro.

A mensagem do anjo do Senhor também expressa o mesmo sentimento. Ele anunciou aos pastores no campo de Belém: “Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo; pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2:10-11).

E se examinamos os escritos dos apóstolos, descobrimos a mesma verdade. Paulo escreveu: “Jesus Cristo … se deu a si mesmo em preço de redenção por todos” (I Tm 2:5-6). Ainda na mesma carta disse: “Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores.” (I Tm 1:15). João acrescenta que “Ele (o Senhor Jesus Cristo) é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo” (I Jo 2:2). Os apóstolos anunciavam que o Senhor Jesus veio para remir e salvar; Ele fez provisão para o mundo inteiro.

O evangelho, portanto, é uma mensagem da parte de Deus para o mundo inteiro. O tema desta mensagem divina é o próprio Filho de Deus, que foi enviado pelo Pai para pagar o resgate, o preço de salvação para todos.

O Desejo de Deus

Em primeiro lugar, isto revela o desejo de Deus. “Isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, que quer que todos os homens se salvem” (I Tm 2:3-4). Veja este desejo reafirmado em outras Escrituras:

“Desejaria Eu, de qualquer maneira, a morte do ímpio? diz o Senhor Jeová; não desejo antes que se converta dos seus caminhos e viva?” (Ez. 18:23).

“Viva Eu, diz o Senhor Jeová, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho e viva” (Ez. 33:11).

“O Senhor … é longânimo … não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se” (II Pe 3:9).

“Quem quiser, tome de graça da água da vida” (Ap 22:17).

A Ordem do Senhor

A ordem que o Senhor deu aos Seus discípulos confirma o que já observamos. Ele disse: “Ide pregai o evangelho a toda a criatura” (Mr. 16:15). Ele quer que todos ouçam as boas novas do evangelho, pois Ele realmente quer que todos se salvem, e já fez provisão suficiente para todos. O Senhor Jesus expressou isto nas tão conhecidas palavras: “Deus amou o mundo de tal maneira que deu Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16). Ele ainda disse: “Convinha que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressuscitasse dos mortos; e em Seu nome se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações” (Lc 24:46-47).

Lendo os versículos citados acima, e muitos outros semelhantes, vemos claramente que Deus amou o mundo e fez provisão suficiente para salvar o mundo inteiro. Ainda enviou Seus servos para anunciar estas boas novas, o evangelho, a toda a criatura.

O que temos visto até aqui mostra que o Evangelho é uma mensagem da parte de Deus, anunciando Seu desejo de salvar o mundo. Esta mensagem ainda diz que Deus enviou Seu próprio Filho para pagar o preço de resgate, e salvar os pecadores. Mas precisamos examinar mais detalhadamente este assunto.

Por que o Evangelho?

Em primeiro lugar devemos notar que esta intervenção divina tornou-se necessária por causa do pecado. Logo no começo da história humana, o pecado entrou (Gn 3). Adão e Eva desobedeceram a palavra de Deus, comendo do fruto proibido. E o pecado trouxe consequências gravíssimas. O homem perdeu o desejo de estar na presença de Deus; passou a ter medo do seu Criador (Gn 3:8, 10). Perdeu também o direito de estar na presença de Deus (Gn 3:23-24). Além disto, a maldição de Deus veio sobre ele (Gn 3:16-19). Foi condenado a morrer.

O NT reafirma isto em linguagem que não deixa lugar para a dúvida. “Por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram” (Rm 5:12). Mas a morte não é o fim da triste história. “Aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo” (Hb 9:27). E este juízo será terrível. O próprio Senhor Jesus Cristo, que uma vez veio pagar o resgate por todos, há de julgar os vivos e os mortos (veja II Tm 4:1). Os que estiverem vivos quando Ele voltar à terra serão julgados perante o trono da Sua glória (Mat 25:31) e os mortos hão de ser julgados perante o Grande Trono Branco (leia Ap 20: 11-15).

Todo ser humano, portanto, está em grande perigo. Seu pecado o separou de Deus, e o condenou ao lago de fogo. Assim como Adão, todos perderam o direito de entrar na presença de Deus. E não há exceções. Deus diz: “Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos” (Sal. 14:3). “Todos nós andamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho” (Isa. 53:6). “Na verdade que não há homem justo sobre a terra, que faça bem, e nunca peque” (Ecl. 7:20). “Não há ninguém que busque a Deus” (Rm3:11).

Mas o pecado trouxe mais e piores consequências.

>R. Watterson (continuará)

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