terça-feira, 29 de julho de 2014

A comunhão da igreja

Quando a igreja começou, os novos convertidos não somente foram batizados em água, mas também perseveravam “na comunhão”. Queremos pensar um pouco sobre esta comunhão da igreja, e vamos tratar o assunto em três partes:

a) A explicação — o que é a comunhão;
b) As expressões desta comunhão;
c) A extensão desta comunhão.

A. A explicação

A palavra “comunhão” quer dizer “a participação comum em crenças ou ideias”. O mundo tem seus clubes, sindicatos, etc., onde pessoas com o mesmo interesse e alvo podem se reunir pra se expressar e desenvolver os seus projetos.

A comunhão da igreja é muito diferente, porque “não há comunhão entre luz e trevas”. A nossa é uma comunhão espiritual baseada na Pessoa do Senhor Jesus Cristo e na Sua Palavra. Em Fil. 2:1-2 lemos uma linda explicação da comunhão da igreja:

“Se há... alguma comunhão no Espírito, se há entranhados afetos e misericórdias, completai a minha alegria de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento.”

Assim vemos o plano de Deus para a Sua Igreja. Isto não quer dizer que temos de pensar exatamente da mesma maneira sobre todos os assuntos da vida, mas quer dizer que, quanto ao trabalho do Senhor na igreja, como aqueles em Atos 2:42, a “doutrina dos apóstolos” tem que ser a base, antes que possa existir esta comunhão. Não podemos basear a comunhão da igreja nos costumes do judaísmo, nem procurar “ajudar” a nossa comunhão imitando as maneiras que o mundo usa para animar as suas sociedades. Geralmente é a adição destas coisas que estraga a comunhão entre os salvos. Todos temos a tendência de pensar que, porque “era o costume” onde fomos criados, então deve ser a “doutrina dos apóstolos”. Se todos nós estivéssemos prontos a testar tudo que fazemos pelo “prumo” da Palavra, e deixar tudo que não tem fundamento na doutrina dos apóstolos, existiria uma comunhão, entre os salvos, muito mais perto daquela que Deus realmente quer para a Sua Igreja. Muitos acham que a comunhão pode existir sem pensar em obedecer a doutrina dos apóstolos, mas isto é como procurar um fruto numa arvore que não tem raiz!

B. As expressões desta comunhão

No versículo citado (Atos 2:42), lemos que a comunhão da igreja se expressava, pelo menos, de duas maneiras: no partir do pão e nas orações. Sem qualquer duvida, a reunião que expressa melhor a nossa comunhão espiritual é a Ceia do Senhor. A mesa é sempre uma figura de comunhão (veja Ex 25:23; II Sam. 9:10, 13; Sal. 23:5; Ct 1:12; Lc 22:14; Jo 12:2; Atos 16:34; I Co 10:21). Em I Co 10:16-17, Paulo diz que o cálice é a comunhão do sangue de Cristo, e o pão é a comunhão do corpo de Cristo. Assim, os dois emblemas têm um duplo significado, porque falam do sofrimento e sacrifício de Cristo, mas também falam da comunhão espiritual que aquele sofrimento produziu.

Além disso, a comunhão dos santos se expressava na reunião de oração. Talvez seja uma surpresa saber que esta é a reunião mais mencionada no livro de Atos (veja 1:14; 2:42; 3:1; 4:24-31; 12:12). Será que nós damos tanto valor à reunião de oração quanto a igreja primitiva? Não é por causa dessa falta que as igrejas locais são muito fracas em comparação com aquela igreja?

Também, a comunhão espiritual foi demonstrada no sentido material (Atos 2:44-45). Desde o começo a igreja teve muitos membros pobres. A razão disso é que, geralmente, os ticos não mostram nenhum interesse nas coisas de Deus e, consequentemente, poucos deles são salvos e se tornam membros da igreja (Lc 12:34). Como a família de Deus, os membros mais ricos têm uma grande responsabilidade para ajudar os irmãos em necessidade, como viúvas e pessoas que não podem trabalhar (I Tm 5:3; Tiago 2:15-16). Isto não quer dizer que devemos ajudar os que não querem trabalhar (II Ts 3:10-12)!

C. A extensão desta comunhão

A salvação nunca pode ser perdida, mas a nossa comunhão pode ser rompida por causa do pecado (I Co 5:13). Em I Jo 2:19 lemos de certas pessoas que saíram da igreja porque “não eram os nossos”. Não podemos manter comunhão com todos os que se chamam “crentes” ou “irmãos” (II Jo v. 10-11). Contudo, não devemos proibir “os que não seguem conosco” (Lc 9:49-50). Podemos ter comunhão, pessoalmente, com muitos “irmãos” sobre o Evangelho, mas não é comunhão completa por causa das diferenças de doutrina. Por isto não é prudente misturar com os sistemas que não têm base bíblica.

S. R. Davidson

Nenhum comentário:

Postar um comentário